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REFERêNCIA NA CENA NACIONAL E INTERNACIONAL, NOSSO CONVIDADO DE HOJE É O RAPPER L-TON!!!!!!!!

  • NA VEIA_MC BOBX
  • 3 de nov. de 2017
  • 8 min de leitura

1 - L-ton vOcÊ é um dos pioneiros do Rap Gospel no Rio de Janeiro, nos conte como foi o processo de emancipação e como você vê esse mercado hoje?

R:É bem complicada essa comparação porque cada época tem suas particularidades saca? Acho que foi época de aprendizado. De ter que fazer barulho com a música e pela música. Quando comecei a falta de tecnologia, a falta de plataformas ou canais pra fazer a música chegar era real então a gente tinha q uese destacar com um ótimo show, com ótimas músicas...se relacionar com os Djs para tocarem as músicas nos bailes, criar músicas que pudessem ser executadas nos bailes sem perder a mensagem...corre monstro mas gratificante. Isso separava naturalmente os meninos dos homens. De quem tinha um foco e objetivo claro do que fazer com sua música e quem não tinha idéia do que fazer saca? Já quebrei muita a cara.

Hoje há facilidades ótimas: desde de ter facilidade de acessar equipamentos, bons beatmakers, bons técnicos de mixagem...youtube, spotify...mas há o problema da saturação. Muitos rappers, mc's, grupos fazendo mais do mesmo. O que hoje pode estar funcionando é legal, mas é necessário se preocupar com a carreira, não com o momento...só tem carreira quem se preocupa com sua arte no médio / longo prazo. As vezes, menos views hoje, podem te fazer ser mais relevante amanhã.

2- Recentemente vOcê morou nos Estados Unidos e teve a experiência de produzir artistas de Nova Iorque, o que vOcê trouxe pro Brasil dessa junção e qual o diferencial deles pra serem essa potência no gênero?

R:Fiquei 1 ano e 4 meses morando em Massachusetts que fica a 3 horas de carro de NY. A estrada facilita então sempre descia dirigindo para NY. Na verdade não produzi musicalmente. Tive a oportunidade de trabalhar na área de marketing artístico. Cuidar de criação de conteúdo, planejamento e as etapas executivas. O que trouxe na bagagem foi como cada um sabe bem seu papel. Vi artistas que chegam no estúdio com sua crew e cada um sabendo bem o que tem que fazer. Eles no início da carreira, desconhecidos, mas o beatmaker era o beatmaker, o manager (empresário ou agente) fazia seu papel, o rapper focado em ser rapper. Todos acreditando no mesmo sonho e não confundindo suas funções. Organização é tudo. A questão de ser potência não tem como misturar as coisas. O EUA é um pais de consumo. Outro tipo de economia. A gente aqui fica viajando no que eles fazem mas cada coisa tem um motivo claro e simples: GERAR MAIS GRANA. Eles fazem música como produto. Não inventam. Não fazem discos em fita k7 porque é conceito. É uma questão que envolve uma realidade específica dos EUA. Fazem música para consumir, trabalham e investem em si mesmos. A batalha é duríssima. Os independentes tem quase ou nenhum dinheiro também, assim como nós. Se tem que produzir algo, gravar, filmar, não se busca alguém pra fazer de graça. Nem o rapper quer fazer tudo (ser beatmaker, técnico de mixagem, editor de vídeo). Ele busca alguém que pode ser pago com um pouco que ele tem. E se não tem o suficiente eles pegam um bico pra fazer mais dinheiro e pagar. Isso tudo pela música. Tudo pelo sonho. Ainda perdemos muito tempo no Brasil querendo fazer tudo para dizer que fizemos. E isso atrasa o processo. Lá, não se pode atrasar, porque na outra esquina tem alguém fazendo rap tão bom quanto você e se você perder tempo a porta que está aberta pode fechar porque entrou outro pessoa. É feroz..

3- Vivemos um período de muita intolerância religiosa e desrespeito as opiniões diferentes de fé, vOcê que é um homem com sua fé fundamentada, como vê esses acontecimentos?

R: Triste. Falta amor cara. Creio em Deus e em seu filho Cristo. Tenho minhas convicções e minha fé, e a fé em Cristo se baseia em amar a Deus e amar o próximo como a mim mesmo. Eu não gosto de ser desrespeitado, então, não posso desrespeitar. Se você não crê no mesmo que eu, ok...como podemos juntos criar um mundo melhor? Como posso lhe ajudar a ser uma pessoa melhor? Como vc pode me ajudar? Não posso impor nada a você. Mas também não posso ser julgado pelo que acredito. Percebe que estou falando de mim, e não do outro? Essa é a questão. Estamos sempre apontando o dedo e esquecendo de nos olhar no espelho.

Estamos em uma época egoísta e não em uma época de cuidar uns dos outros. Digo e repito: falta amor. Falta amar o próximo. Cristo contrariou a religiosidade da época porque não seguia a cartilha da religião, mas seguia o amor e o serviço ao próximo. É nisso que acredito e é isso que podem esperar de mim. Posso discordar de você e você de mim, mas isso não pode ser motivo para desrespeito. Opiniões contrárias são ótimas para rolar o diálogo e a troca de idéia. Mas trocar idéia não quer dizer que você tem que pensar como eu ou eu como você, e se, não for assim a gente não troca mais idéia, saca? O que vivemos hoje é doentio, mas acredito que podemos amando uns ao outros nos ajustar e melhorar. Sou sempre otimista.

4- Hoje em tempos de crises, está a cada dia mais difícil para um artista independente conseguir se manter, vOcê vê com esse estouro que se tornou a internet, as plataformas digitais boas ferramentas para monetização de artistas ?

R:Sim. Antes foi muito mais difícil e hoje está um pouco mais fácil e democratizado. O universo vai naturalmente selecionar quem está trabalhando, insistindo, plantando de quem está sonhando sem suar a camisa. As plataformas digitais são ótimas mas não são tudo. Um artista não pode se enganar e achar que colocar uma música no spotify, ter uma page no facebook, youtube e divulgar para os "manos" vai virar. Tem muito trabalho no mundo real, fora das plataformas que precisa ser feito. Resta saber quem está disposto a isso.

5- O R.E.P que era seu lendário grupo, vOcê vê um retorno ou até mesmo uma nova formação como tem acontecido muito no rap atualmente?

R:Não sei. Estamos fazendo 10 anos do lançamento de nosso primeiro disco, "Proceder". Na época não fomos compreendidos pela cena (risos), mas creio que fomos um divisor de águas ao ser um dos primeiros artistas a se arriscar e se alinhar em ter faixas para se tocar nas rádios, com o que os djs de bailes e festas queriam tocar. Eu e o DJ W somos irmãos. Tipo Fresh Prince e DJ Jezzy Jeff, tipo Thaide e DJ Hum (risos). Fazemos ainda muita coisa juntos. Talvez façamos algo juntos como R.E.P sim, mas no momento estou em estúdio focado no meu segundo disco solo.

6- Aqui no Brasil vOcê já produziu grandes nomes do Rap nacional, e praticamente todos têm por vOcê um grande respeito e ressaltam sua ética de trabalho, essa disciplina

se dá por qual motivo?

R: Acho que é exatamente o que você disse: a ética e a disciplina. Não sou um cara perfeito. Tenho milhões de defeitos, mas sou e busco ser franco e realista. Não te prometo o que não posso cumprir e não abraço algo que não acredito. Quando estou trabalhando/produzindo alguém eu dou 100%. Sempre tudo, nunca metade ou nada. Já trabalhamos juntos e você sabe como é. Tento entrar na cabeça do artista e fazer o que o artista quer, não o que eu quero. Me vejo como o canal para potencializar o talento de alguém. Sei qual é o meu papel nesse jogo saca? Para mim, isso é muito sério. Não brinco com o sonho de um artista. Se você me paga você terá de mim meu melhor. Não vou brincar com seu sonho, com seu suor em forma de dinheiro. Dentro das minhas limitações vou dar tudo. Tenho certeza que essas coisas são o diferencial e trouxeram o respeito que grandes artistas têm por minha pessoa.

7- Lton vOcê criou o selo independente “G-Hertz Music” onde teve uma gama de artista produzidos por esse selo, quais os novos projetos estão por vir desse selo ?

R: O G-hertz hoje tem o nome de Good Boyz Muzik. Nesse momento focado em por meu novo trabalho na rua e potencializar novos artistas na área executiva que sinto estar muito carente. Tenho vivido dentro da indústria das grandes gravadoras, grandes escritórios artísticos fora do rap e feito coisas que funcionam para qualquer um. Sinto que isso é uma carência da nossa cena então quero somar dessa forma. Como fiquei fora mais de um ano, diminui o foco em trabalhar com outros artistas porque de lá não daria para trabalha-los. Mas estou atento a novos artistas que queiram trabalhar em cooperativa, fazemos negócio e crescermos juntos.

8- Quais as suas referências musicais, tanto nacionais quanto às internacionais?

R: Perguntinha difícil hein? A bíblia fala em I Tessalonicenses 5:21 o seguinte: "Examinem tudo e fiquem com o que é bom". Então eu escuto tudo cara. Pop, dance, eletrónico, samba, jazz, mpb, rock, progressivo, erudito, sertanejo, forró, gospel, soul, r&b e rap claro. Tenho meus artistas prediletos mas to sempre aberto pra ouvir algo. Meu Shazam trabalha muito. Algo me chama atenção eu vou lá, descubro quem é e vou estudar sobre. Não importa o gênero. Tendo qualidade musical eu ouço e faço meu exercício de pesquisa. Basicamente isso.

9- O Brasil passa por inúmeros escândalos de corrupção na política, onde o Lton um músico independente e negro se coloca nessa situação é seu ponto de vista sobre ?

R: Me posiciono buscando ser o melhor ser humano possível. Não negocio valores, saca? É a melhor forma de ser contra o sistema é sendo alguém que não faz o que o sistema manda. Se avançam o sinal, eu vou fazer de tudo pra não avançar cara, porque não é certo. Canso de ser xingado na rua dirigindo por causa disso. Acredita, por respeitar o sinal. Olha que louco? Se a lei fala que eu tenho que pra dirigir eu não posso beber, não vou beber. Se furam a fila eu vou para o final. Se o BRT todo mundo sobe pela rua eu vou pela roleta e pago a passagem. Se tenho moedas no carro eu não ignoro o pedinte, eu dou sem julgar. Os políticos são reflexo do povo. A corrupção é nosso reflexo. Do nosso jeitinho. Não tem jeitinho irmão. Não dá pra exigir honestidade lá em cima se em nosso dia a dia temos pequenas corrupções. Sou santo? Jamais. Tem algum mole que eu tô dando. Não sou perfeito. Mas saiba que com certeza eu tô tentando melhorar para exigir. Não é vergonha admitir erros. Meu Protools por exemplo era pirata. Me esforcei e comprei o original. Assim como meus plugins. Cada um cada um, mas penso que assim me posiciono contra o que rola. Sendo exemplo de ações para quem está a minha a minha volta e para próxima geração. Como artista sou porta voz e tenho uma platéia que se eu fizer o certo, creio que serão influenciados ao certo também. E aí, quando estivermos fazendo o certo, eles lá serão reflexo de nós. Não tem segredo.

10- Porque o HipHop como gênero predominante da sua obra ?

R: Porque em 1994 me apaixonei por essa cultura. E ai, toda minha bagagem musical eu insiro nisso. Juntou meu dom de poesia que escrevia desde garoto para impressionar as meninas e as professoras do colégio (risos) com a música que cresci estudando e a cultura que conheci. Ai o resto é história que estou escrevendo. rs

Gostou do som não é!!!! A gente se amarrou, entao fica ligado nas redes sociais do rapper L TON e do nosso colunista BOBX Mc porque vem mais bomba por ai!!!!!!!!!! PORQUE POR AQUI VOCê JA SABE NÉ, TUDO O QUE É BOM TA NA VEIA!!!!!!!

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